Pessoal, amei acordar hoje e ter essa surpresinha na tela...
O buscador Google lançou um doodle em homenagem ao 113º aniversário de uma das minhas escritoras favoritas:
Cecília Meireles
#muitoamor
Pra quem não sabe, os doodles consistem em mudanças no visual do logotipo do Google para celebrar feriados, aniversários e as vidas de cientistas e artistas famosos, que no caso de hoje (07/11/2014)foi a escritora Cecília Meireles.
Uma equipe de designers talentosos é responsável pela criação desse doodle (que achei lindo,diga-se de passagem).
Mas...quem foi Cecília Meireles?
Cecília Benevides de Carvalho Meireles - ou, simplesmente, Cecília Meireles - era filha de açorianos. Nasceu no Rio de Janeiro, no Bairro da Tijuca (07/11/1901), e atuou como escritora, jornalista e poetisa.
Suas crônicas,livros e poesias são lidos até hoje.
Cecília faleceu aos 63 anos, vítima de um câncer.Deixou três filhas e cinco netas, e sua arte. #triste
Pra não deiar a data passar em branco, vim compartilhar alguns textos de Cecília que gosto muito.
Beijos e boa leitura :)
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
MEIRELES, C. Poesia completa: Volume 1. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...Não queiras ser o de amnhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.
Motivo
Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.
Se desmorono ou se edifico,se permaneço ou me desfaço,— não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.